Iniciativa tem apoio do governo federal. O Brasil concorrerá com Bélgica, África do Sul e Estados Unidos/México pelo direito de sediar a competição

Por João Paulo Souza

No dia 24 de Abril a Fifa confirmou que o Brasil será um dos candidatos a receber a Copa do Mundo Feminina de 2027, a informação de que o Brasil lançaria sua candidatura partiu da Ministra do Esporte, Ana Moser. Na ocasião, ela havia destacado que o governo federal, juntamente da CBF, consideram a realização da Copa Feminina no Brasil como um plano estratégico, pensando na estruturação do futebol feminino no país. Além da candidatura, este plano estratégico ainda conta com iniciativas para ampliação de campeonatos, a inclusão e inserção cada vez maior de mulheres no esporte e a criação de locais de treinamentos. Este plano estratégico, se for bem desenvolvido e estruturado, pode render bons frutos para a popularização da modalidade no país, tendo em vista que a inserção de mulheres no meio esportivo e o futebol feminino tiveram avanços, mesmo que ainda pequenos.

Mas a realização da Copa do Mundo, juntamente de um plano estratégico, pode ser uma virada de chave. Segundo um estudo da Kantar Ibope, atualmente no Brasil as mulheres já representam 44% da base de fãs de futebol no Brasil. O aumento de consumo das mulheres pode estar diretamente atrelado ao crescimento do interesse por futebol feminino, pois a partir de 2019 pudemos ver avanços em relação ao consumo do público geral.  

Barbara Maia, jornalista que trabalha com futebol feminino, avalia como positiva uma possível realização da Copa do Mundo Feminina no país; “É uma atitude extremamente positiva, ainda mais com o aumento da visibilidade nesses últimos anos. Para um país que já sediou a Copa do Mundo masculina e as Olimpíadas, seria um grande evento e poderia ajudar a alavancar ainda mais o interesse das pessoas pelo futebol feminino. Se houver uma boa organização, tem tudo para ser um sucesso, tanto para a modalidade quanto para os torcedores e até para o próprio país.’’

É nítido como em termos de publicidade e expansão da marca seria benéfico para o esporte que o Brasil sediasse a Copa: geraria uma proximidade com uma parcela da sociedade que ainda tem resistência e não acompanha tanto. Seria um momento oportuno para o fomento da modalidade no país. Atuante nas causas e lutas relacionadas ao futebol feminino, Barbara destaca como a posição da CBF irá somar: “Pode agregar muito, até porque ainda existe muito preconceito com a modalidade no Brasil. A competição pode chamar a atenção de torcedores que nunca se interessaram e ajudar a quebrar esse paradigma. Pode servir como uma porta de abertura para novos torcedores entenderem que não é só um esporte, mas tem toda uma causa por trás”. 

Mesmo que de forma lenta, podemos ver como houve avanços na modalidade, ainda que falte investimento e apelo popular em certos momentos, podemos ver como os públicos dentro dos estádios vem numa crescente interessante. Em 2022, na final do brasileirão entre Corinthians e Internacional, o público presente no estádio foi de 41.070, um recorde no Brasil e na América do Sul. Mas essa realidade de grandes públicos ainda não é uma constante. Costuma-se ter grandes públicos em partidas de grande apelo. Já ao longo do ano a procura do público ainda é pequena, os ingressos são gratuitos e a média é baixa. Patrícia Ramos, torcedora do Palmeiras e espectadora assídua da modalidade, nos passa a sua visão da realidade do futebol feminino no Brasil hoje: 

“O futebol feminino no Brasil ainda não vive boas condições, apesar da obrigatoriedade de times da série A terem também uma equipe feminina, e uma maior procura, as condições de trabalho dessas atletas não são nada boas comparadas ao masculino. Acredito que ainda levarão muitos anos para que tenha uma leve igualdade entre as modalidades devido a pouca aceitação!”

Conforme Patrícia, podemos ver como o caminho é árduo e longo para que a modalidade cresça, pois ainda enfrenta muitas barreiras, como o machismo e a não aceitação. Logo, sediar uma Copa do Mundo pode ser uma mudança de paradigma, impactando em diversos aspectos, como no turismo, na popularização, levando mais pessoas a apoiarem a causa e a torcerem não só pelo time masculino. 

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