Por Matheus Taranto

O basquete 3X3, também conhecido como “street”, sempre esteve presente nas ruas como uma forma mais prática e rápida de se praticar o basquete convencional. Com a sua recente inclusão como modalidade olímpica nos Jogos de Tóquio, em 2021, sua notoriedade se tornou ainda mais global e prestigiada. Confirmada nas Olimpíadas de Paris em 2024, a delegação do Brasil almeja conseguir uma vaga e sonhar com a medalha de ouro.

Originada nas ruas dos anos 1980, primordialmente nos Estados Unidos, a modalidade surgiu a partir da necessidade de dividir quadras e acelerar os jogos, para que mais pessoas pudessem jogar, de forma mais desvinculada de um sistema de regras convencionais, como o do basquete de quadra inteira. Com isso, o esporte se tornou popular entre pessoas que só queriam praticá-lo como passatempo ou apenas se conectar com outras pessoas, já que o lado profissional priorizava apenas o basquete de quadra inteira.

O esporte começou a ter suas regras padronizadas no final dos anos 2000, em competições como “Gus Macker” e “Hoop It Up”, que incluíam competições pelos Estados Unidos com jogadores de todos os níveis técnicos. Mas foi em 2007, quando a Federação Internacional de Basquete (FIBA) começou a organizar torneios internacionais oficiais da modalidade. Em 2012, a FIBA lançou a Copa do Mundo de Basquete 3×3 e, posteriormente, o Circuito Mundial de Basquete 3×3, que inclui competições em vários países. A popularidade do basquete 3×3 continuou a crescer e, em 2017, a modalidade foi oficialmente incluída no programa olímpico para os Jogos de Tóquio 2020.

A principal diferença entre os esportes já se dá no nome: enquanto no basquete clássico se jogam em times de 5 contra 5, no basquete 3×3 são apenas três jogadores de cada lado. Além disso, a quadra é reduzida pela metade, onde um rebote defensivo deve levar a bola para o lado de fora da linha de três pontos para que o time atacante possa marcar um ponto. O tempo de jogo também muda, é bem mais rápido: enquanto no basquete são 4 tempos de 10 minutos (isso nas regras da FIBA, já que na NBA são 4 tempos de 12 minutos), no 3×3 existe apenas um tempo de 10 minutos, e o jogo termina quando esse tempo se esgota ou quando um dos dois times marca 21 pontos.

A História do Brasil no Esporte

O desempenho do Brasil no basquete 3×3 tem sido notável ao longo dos anos. No âmbito masculino, o Brasil já participou de seis Copas do Mundo de basquete 3×3 e conquistou um bom desempenho na última edição, de 2023 em Viena, na Áustria, alcançando o quarto lugar na competição. Agora busca sua primeira vaga em Jogos Olímpicos, na edição de 2024, em Paris, já que ficou de fora da estreia da modalidade nos Jogos de 2020.

Já no basquete 3×3 feminino, o Brasil também vem crescendo e evoluindo bastante. Como conta a treinadora da seleção feminina sub-18 e auxiliar da seleção principal, Elen Rosa: “O Basquete 3×3 surge em 2008 com a nossa primeira participação nos Jogos da Juventude de Cingapura (2010), ficando em 6° lugar. Com isso, ficou claro as características da modalidade: atletas versáteis, que tenham o domínio de todos os fundamentos, onde a característica física prevalece, atrelada também à técnica”.

Sobre o futuro da seleção brasileira, Elen se mostra confiante. “O trabalho está sendo muito árduo. Temos 3 competições-alvo: o mundial, em que fomos 4° lugar com o masculino, resultado histórico; Americup, que é o campeonato sul-americano, que também será uma fase preparatória para a nossa competição e que vale vaga para Paris 2024; e os próprios Jogos Olímpicos. Estamos com tudo traçado para obter a vaga para tão sonhada Olimpíada”.

A mentalidade do atleta 3×3

Leonardo Branquinho, jogador da seleção masculina de basquete 3×3, que recentemente participou da campanha histórica do time na Copa do Mundo de 2023, em Viena, na Áustria, diz que optou pela modalidade para realizar um sonho olímpico. “Via uma possibilidade maior de conseguir chegar a uma Olimpíada e ser um atleta com maior notoriedade”.

Leonardo Branquinho em jogo contra os EUA
Foto/Reprodução: @leobranquinho06 via Instagram

Segundo ele, a maior diferença entre jogar basquete de quadra inteira e basquete 3×3, tanto no preparo mental quanto no físico, é que “O jogo de 3×3 é mais dinâmico e mais rápido, então o atleta precisa ter bastante resistência à intensidade e em relação à parte mental. O jogo é de menor duração, não tem muito tempo para reverter momentos ruins, como há no 5×5 e o nível de concentração precisa ser muito alto”.

Ele reconhece que o Brasil ainda precisa amadurecer, mas vê qualidades na equipe.“Ainda falta bagagem de jogos, os times do resto do mundo têm uma quantidade de jogos desse nível enorme, enquanto nós só temos essa competição. Então tentamos igualar na força física, vontade e dedicação. O que torna o Brasil um time mais intenso do que tático, talvez”.

Vídeo/Reprodução: @fiba3x3 via Instagram

Sobre sua jogada decisiva contra a Polônia, que classificaria o Brasil nas quartas de finais na Copa do Mundo de 2023, Branquinho conta que o apoio da equipe foi fundamental. “Foi muito rápido, tive a ideia de uma jogada e assumi a responsabilidade. O time inteiro apoiou, então fui confiante no que deveria ser feito. Não passou pela minha cabeça que erraria, então parece que isso tirou bastante a pressão que era para esse momento gerar”. Ele compartilha a emoção com todo o time: “Ficamos extremamente contentes e felizes, pois só nós sabemos o esforço de cada para que a gente alcance esse resultado. Euforia e emoção enorme”.

Finalmente, sobre as perspectivas de futuro para a seleção brasileira, o atleta acredita no grupo. “Foi montado um planejamento conforme as condições que o Brasil tem hoje. Conseguir a classificação é algo possível, mas é um caminho bem difícil, até porque ainda estamos um pouco atrás em relação à estrutura de outros lugares do mundo. Mas com certeza o Brasil vai brigar de igual pra igual por essa vaga. Temos uma média (de idade) jovem e com sede de vitória. Então acredito que teremos muitos outros bons resultados”.

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