Por Maria Eduarda Vieira

Etapa brasileira de surfe arrasta multidão para as areias da Praia de Itaúna e termina com vitória brasileira

Nem só de futebol vive o esporte brasileiro. A etapa brasileira do Circuito Mundial de Surfe passou por Saquarema, na Região dos Lagos, mostrando que o Brasil também é o país do surfe. A janela de competições começou na sexta, dia 23 de junho, e terminou no sábado da semana seguinte, 1° de julho, atraindo uma multidão de turistas e moradores do município para as areias da Praia de Itaúna e consagrando mais uma vitória brasileira. 

A primeira parada do Circuito Mundial de 2023 foi em Pipeline, no Havaí, e foi disputada entre janeiro e fevereiro. De lá para cá, os surfistas já rodaram outros países, como Portugal, Austrália, Estados Unidos e El Salvador. Agora foi a vez do Brasil. O lugar escolhido foi a famosa, e já conhecida pelos atletas, cidade brasileira apelidada  de “Maracanã do Surfe”. 

A etapa de Saquarema é destaque para surfistas, torcedores, moradores da região e também organizadores. Antes mesmo de começar o evento, o presidente da WSL, Liga Mundial de Surfe em inglês, na América Latina, Ivan Martinho, já previa uma torcida de peso para a competição este ano. Durante a coletiva de imprensa da oitava parada da WSL, declarou que a expectativa era de 40 mil pessoas por dia nas areias de Saquarema. 

Torcedores na Praia de Itaúna, em Saquarema, palco da competição

Admiradora do esporte, a estudante de Fisioterapia de 22 anos, Anne Vieira, foi até Saquarema com os amigos no sábado (1°) para acompanhar o último dia de competição. Ela é moradora de São Gonçalo, município da Região Metropolitana do Rio, a cerca de 1 hora e 20 minutos de distância da Praia de Itaúna. 

“Eu saí de casa às 6h de carro com dois amigos para irmos para Saquarema. As primeiras baterias começaram muito cedo, às 6h20, sabíamos que nesse horário ficaria complicado de chegar por conta da distância, mas pelo menos conseguimos chegar num bom horário e acompanhar grande parte das baterias que foram disputadas no dia, inclusive assistir à final masculina com presença e vitória brasileira”, comentou Anne com empolgação.

Pessoas de outros estados também se aventuraram na estrada para ir até a Região dos Lagos assistir ao campeonato. Matheus Henrique, de 27 anos, é instrutor de surfe na cidade de Ubatuba, no litoral de São Paulo, e esteve presente no último final de semana da etapa brasileira. 

“Acabou sendo de última hora. Eu recebi o convite de um amigo, que já estava no Rio de Janeiro, e decidi ir sozinho encontrá-lo. Saí na quinta-feira (29) de ônibus de Ubatuba às 00h20 e cheguei às 5h da sexta (30) no Rio. Fomos para Saquarema no mesmo dia à noite. Apesar de ter sido em cima da hora, valeu muito a pena”. 

A perfeição brasileira e a juventude norte-americana 

O roteiro da competição não começou tão favorável assim para os brasileiros. Grandes nomes do surfe masculino do Brasil ficaram pelo caminho: o tricampeão mundial Gabriel Medina parou na repescagem, enquanto Filipe Toledo, atual campeão mundial, Italo Ferreira e João Chianca foram eliminados nas oitavas. 

Porém, o que parecia não ter começado muito bem terminou de maneira excepcional. Apesar das baixas ao longo do campeonato, o Brasil foi muito bem representado na final por Yago Dora, que se tornou campeão com direito a um aéreo perfeito que lhe rendeu uma nota 10. 

Manobra perfeita do surfista brasileiro Yago Dora 

A repórter da TV Globo Marina Renard, que trabalhou na cobertura do evento, acompanhou de pertinho o caminho de Yago até a final. Na verdade, não só dele, mas também de todos aqueles que estão por trás do surfista e torceram incansavelmente por ele. “Fiquei muito próxima da equipe e da família do Yago nessas semanas, então vê-lo sendo campeão foi ainda mais emocionante. Estar ao lado deles nesse momento foi muito bom”, disse a jornalista. 

Com a vitória, Yago sobe para a quinta colocação no ranking mundial e entra na briga por uma vaga na final da WSL 2023, que reúne os cinco melhores surfistas do mundo. Além de Yago, outros brasileiros ocupam ótimas posições no ranking, incluindo a liderança, que está com Filipe Toledo. João Chianca está no 4° lugar mundial. 

Na disputa feminina, as representantes do Brasil pararam na repescagem em Saquarema. Silvana Lima perdeu para a havaiana Carissa Moore, que chegou até a semifinal. Já Tatiana Weston-Webb foi superada pela americana Caitlin Simmers, de apenas 17 anos, que foi a campeã da etapa, após derrotar a australiana Taylor Wright na decisão. Com a derrota, Tatiana caiu para o sexto lugar no ranking mundial, precisando crescer nas próximas etapas para ficar entre as cinco primeiras colocadas e se classificar para a fase final, que será disputada nos Estados Unidos. 

Uma curiosidade sobre a jovem e promissora surfista Caitlin Simmers é que ela está em seu ano de estreia na elite do surfe. Porém, o nervosismo e a pressão da primeira vez não parecem estar afetando a jovem, que já conquistou duas vitórias neste circuito. A norte-americana, inclusive, é apontada como uma das fortes candidatas ao título de campeã mundial. O resultado em Saquarema ainda garantiu a quinta posição do ranking para Caitlin. 

Jovem norte-americana é campeã da etapa brasileira de surfe feminina | Foto: Reprodução/Instagram – @caitysimmers

Emoção do ao vivo

A multidão que lotou a areia da Praia de Itaúna tinha um sentimento à flor da pele: a emoção. A estudante Anne Vieira conta que a experiência de acompanhar a competição foi surreal e ainda destaca que ao vivo os sentimentos são muito mais aflorados. “Ver a plateia vibrando e torcendo é incrível. A emoção quando uma manobra sai como esperado é demais. Com certeza pretendo ir novamente nos próximos anos”, completou ela. 

O instrutor de surfe Matheus Henrique descreveu os dias em que esteve em Saquarema como a realização de um sonho. “Tentando traduzir em palavras, foi a realização de um sonho. Eu já acompanho o surfe a vida inteira e, atualmente, vivo desse esporte, então poder acompanhar uma etapa ao vivo e ver a elite do surfe mundial de pertinho foi absurdo. Uma sensação inexplicável”, disse Matheus.

A emoção não tomou conta apenas dos torcedores e admiradores do esporte que foram até a praia assistir o campeonato, mas também daqueles que trabalhavam na cobertura. Apesar do nervosismo natural de qualquer trabalho, a jornalista Marina Renard definiu sua estreia em coberturas ao vivo e também em eventos de surfe como tendo o roteiro perfeito. 

“O principal desafio foi o nervosismo, mas passou logo. Sei que ainda tenho muito a amadurecer como repórter, mas lá em Saquarema, foi tudo muito melhor do que imaginei. Conheci muitas pessoas legais e muito disponíveis para estar comigo e me ajudar, tanto da equipe da Globo quanto da WSL. Também consegui ver de perto atletas que eu admiro. Aprendi muita coisa com essa experiência, foi o roteiro perfeito, mesmo”.

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