Por Laís Dias
A moda está passando por uma revolução, e a impressão 3D está na vanguarda dessa transformação. Com a capacidade de criar peças personalizadas, únicas e deslumbrantes, a tecnologia inovadora está conquistando espaço nas passarelas e nos guarda-roupas de fashionistas ao redor do mundo. Dos vestidos intrincados aos acessórios de tirar o fôlego, a fusão da moda e da impressão 3D está redefinindo os limites do design e abrindo um mundo de possibilidades criativas.
Já é possível encontrar em desfiles de moda artigos e peças usando a tecnologia. Em julho de 2015, a Chanel chamou a atenção por desfilar, em Paris, o clássico tailleur feito numa impressora 3D. A peça depois de impressa foi pintada e bordada no estúdio de alta costura da marca, a Maison Lesage, também na capital francesa.
O designer Tallyson Vilela, analista de processos no Senai Cetiqt, no laboratório Fashion Lab, e formado em Design de Produtos, conta como a inovação vem sendo utilizada em seu ambiente de trabalho. Segundo ele, é mais comum fazer as aplicações em tecido, mas a tecnologia pode ser usada de outras formas para além da moda.
“As aplicações podem ser apenas para validação visual ou fabricação de um modelo ou peça final. Roupas, acessórios e aplicações em tecido costumam ser os mais comuns, mas a indústria também se beneficia com a reposição de peças, desenvolvimento de gabaritos, acessórios para ensino e ferramentas que hoje estão escassas no mercado”, explica ele.
Assim como em qualquer campo de atuação, essa revolução tecnológica traz consigo desafios e limitações. Para Tallyson, há pontos negativos em utilizar a impressão:
“Impressão 3D possui livre movimentação nos 3 eixos para fabricação, mas pela forma em que a peça é construída (camada por camada), é necessário que o modelo 3D que será desenvolvido seja pensado para minimizar alguns pontos fracos (orientação de peça e angulações). Outra limitação se dá pelo material. Cada tecnologia utiliza de um tipo de material que entrega uma determinada característica mecânica e diferentes níveis de resolução (qualidade)”, explica o analista, acrescentando que saber modelagem 3D também pode ser considerado uma limitação, visto que na moda a customização é um ponto chave.
Por outro lado, a tecnologia de manufatura aditiva, empregada nas impressoras 3D, tem o potencial de reduzir significativamente o desperdício de materiais. O designer afirma que os materiais podem ser facilmente reutilizados. Com uma abordagem consciente e responsável, a tecnologia permite reduzir seu impacto ambiental e cria espaços e oportunidades para uma produção mais ética e sustentável.
“A sustentabilidade pode ser vista de vários pontos, como material, descarte e logística. Mas no caso da impressora 3D se dá muito pelo tipo de tecnologia, que é de manufatura aditiva. Ou seja, todo material que é utilizado, é para formar as peças ou ser utilizado como suporte para sustentação. Por ser um polímero, pode ser facilmente reciclado em novos filamentos ou transformado em chapas para serem utilizadas na confecção de acessórios.”