A canarinho tem pior início de ciclo de Copa do Mundo desde o penta. Fernando Diniz ainda não conseguiu implementar seu estilo de jogo e a seleção sofreu sua terceira derrota seguida

Por João Paulo Souza

A seleção brasileira talvez viva o seu pior momento na história, além de um grande jejum sem títulos de Copa, vem colecionando derrotas neste início de ciclo. Atualmente passa por uma grande crise de identidade e parece não saber para onde quer ir. O início deste novo trabalho está bem longe do imaginado, a equipe sofre com os resultados ruins e más atuações. Com o revés contra a Argentina dentro do Maracanã, a seleção sofreu a sua primeira derrota dentro de casa na história das eliminatórias, o jogo marcou a quarta partida sem vencer. Com os resultados, o Brasil se encontra na sexta colocação da competição, tendo somado apenas sete pontos até o momento. 

Após a derrota contra a Argentina, o trabalho foi muito questionado e ocorreram diversas críticas tanto ao treinador como aos jogadores. Nas redes sociais, muitos se manifestaram pedindo a saída de Fernando Diniz. Poucas vezes o ciclo para a Copa foi tão conturbado. Além dos resultados ruins, o Brasil encara uma espera de quase 24 anos sem título de Copa do Mundo, então a pressão para que se vença em 2026 é gigante. Antes aclamado pela torcida para que assumisse o comando do time, Fernando Diniz convive com críticas quanto ao seu desempenho à frente da canarinho. 

Desde que assumiu, foram duas vitórias, um empate e três derrotas. É inegável a qualidade de Diniz, todos que são treinados por ele o elogiam, os jogadores não só da seleção, como dos clubes afirmam que o treinador é excelente tanto na parte tática, como no trato humano no dia a dia. É de fato um profissional de ponta, mas no comando da seleção as coisas não têm ido tão bem. Cristian Moraes, editor chefe do Futebol Tactico avalia o trabalho de Diniz na seleção: “Bom, na minha avaliação, a chegada de Fernando Diniz à seleção foi feita de maneira errada. Potencial para assumir o cargo ele tem, porém no momento, estando empregado e com foco nas obrigações do Fluminense, Diniz não consegue se doar 100% à Seleção Brasileira. O seu estilo de jogo leva tempo para ser imposto aos jogadores, e nas circunstâncias de imediatismo que a seleção se encontra, acaba que os pontos negativos se evidenciam mais que os positivos”, avalia.

O estilo de jogo que Diniz implementa é de fato algo a ser trabalhado no dia a dia, para que tudo seja melhor automatizado. Com pouco tempo de treinos e convívio, as coisas não estão saindo da melhor maneira. Somado a isso, a seleção brasileira hoje conta com alguns desfalques importantes; Neymar, Casemiro, Danilo e Éder Militão estão fora por lesão ou por questões extracampo, como é o caso de Lucas Paquetá. Além disso, hoje é evidente o processo de transição pela qual passa a seleção brasileira. Após duras eliminações nas Copas de 2018 e 2022, o Brasil está no momento de chegada de uma nova geração, com muitos jovens jogadores que ainda estão se acostumando a vestir a amarelinha. 

Isso faz com que boa parte da opinião pública e parte da imprensa rotule essa geração como a pior da história, e se distancie da equipe. Porém deve-se fazer justiça, a maioria dos atletas, ainda são jovens muito promissores, nomes como: Vinicius Jr, Rodrygo, Martinelli e Bruno Guimarães, são jogadores que desde muito cedo atuam nos grandes centros do futebol europeu, mas convivem com uma enorme pressão por estarem há duas décadas sem título e não estão tão habituados a atuar pela seleção. E principalmente por nesse momento ter sua principal referência fora, Neymar. Todos estes fatores acabam colaborando para o momento ruim pelo qual passa a equipe. 

Eduardo Demeterco, jornalista do C+ Esportes, comenta sobre essa nova safra da seleção: “Envolve muito também o saudosismo, são gerações diferentes, a qualidade na comparação com outras escalações pode ter caído, mas segue tendo muito talento na Amarelinha. Por outro lado, penso que a transição entre a geração de 2018 e 2022 também não foi muito bem feita. Temos exemplos de jogadores que não estão entregando tanto quanto antes e seguem com vaga cativa na Seleção, além da falta de ousadia do Brasil em mudar o seu sistema tático”, analisa.

A decisão de contratar Diniz de maneira interina foi tomada pelo presidente Ednaldo Rodrigues, sem a garantia de que em junho haverá um novo treinador para assumir de forma definitiva. Além disso, o preço dos ingressos para os jogos também tem afastado a torcida. O goleiro Ederson até veio a público reclamar 

Ancelotti, o mais cotado até agora, não deu nenhuma garantia de que assumirá a seleção ao final da temporada europeia. Faltam dois anos e meio para o mundial de 2026 e não temos ideia de como chegaremos até lá. O futuro que tinha tudo para ser promissor, no momento parece ser bem confuso e duvidoso. 

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