Como as altas temperaturas e as fortes chuvas impactam cada vez mais a vida das pessoas nas cidades brasileiras e ainda há jeito de impedirmos?
Por Jerson de Mello

A cada ano, a mesma cena se repete: chuvas intensas, alagamentos, transtornos, famílias que perdem suas casas, seus bens e, principalmente, suas histórias. Em Porto Alegre, os mega alagamentos que atingiram a capital e interior do estado em maio de 2024 renderam dados assustadores, com 539,35 mm de chuva em dez dias de acumulado, segundo dados da Metsul Meteorologia. Já os dados do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), divulgados em janeiro de 2025, apontam que 2024 foi o ano mais quente no Brasil, com uma média de 25,02°C. É a maior temperatura desde o início das medições, em 1961, com uma diferença de de 0,79°C entre a série histórica anterior de 1990 a 2020.
Mariana Carvalho é moradora do bairro de Jurujuba, em Niterói, região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, e diz ter diversos relatos com alagamentos na rua onde mora. A mãe dela possui uma loja no térreo do prédio onde mora e relata como os alagamentos atingiram o negócio da família:
“Já entrei na loja e vi tudo pro alto, pra água não pegar. Quando as motos passam pelo alagamento viram quase jet skis e nós ficamos ilhados até o alagamento baixar”.
Os constantes alagamentos resultantes das fortes chuvas de 2024 também impactam os comerciantes que acabam por perder seu único ganha pão. Um artigo publicado pela Revista Brasileira de Meteorologia mostra que 2024 foi um ano recorde em acumulado de chuva nos últimos vinte anos. Grande parte desse fenômeno é provocado pelas mudanças climáticas e pela diminuição de investimentos em prevenção de desastres pelos governos.

Em 2022, um forte temporal atingiu a cidade de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, deixando 241 mortos e uma pessoa desaparecida, além de incontáveis danos ao meio ambiente e às famílias que tiveram suas vidas arrasadas. Segundo o CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais), esta foi a segunda pior chuva da cidade.
O período de alerta no verão para temporais e desastres naturais no país sempre foi motivo de alerta para a população brasileira, mas como explica Fernando Sales, pesquisador e meteorólogo do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), o impacto destes temporais no último ano é um grito de alerta para que a prevenção e mediação destes desastres sejam largamente difundidas.
“O que está acontecendo nos últimos anos é em decorrência direta das altas temperaturas e da ebulição global. Tempestades que já eram severas tendem a ficarem piores e períodos de estiagem também estão se prolongando mais”.