Por Julia Miranda
A educação brasileira vem enfrentando um cenário desafiador. Desde 2018, o Brasil não apresenta um bom desempenho no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Naquele ano, o país ocupou a 53ª posição em Leitura, 61ª posição em Matemática e 64ª posição em Ciências. De lá para cá a melhora não foi tão significativa.

Em 2024, entre os 56 países participantes, o Brasil ficou na 44ª posição, atrás de outras nações latino-americanas, como Uruguai, Colômbia e Peru. O topo do ranking foi ocupado por países que investem em políticas públicas educacionais, como Singapura, Coreia, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, etc.
Outro ponto que chamou a atenção foi o baixo nível de criatividade dos alunos brasileiros ao tentar solucionar problemas sociais e científicos. Os dados foram divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo eles, alunos que participam de atividades de artes, teatro e escrita, pelo menos uma vez por semana, costumam ter desempenho melhor que os demais.
A valorização da criatividade pelas escolas e o incentivo dos professores também contriubem para melhores resultados. Nesse sentido, a escassez ou o corte de investimentos em educação tem relação direta com o desempenho dos alunos na prova.
Segundo o relatório do Education at a Glance 2024, o Brasil foi um dos países que mais reduziu investimento público em educação entre 2015 e 2021, diminuindo em média 2,5% ao ano nesse período, resultado das políticas de corte dos gastos públicos, especialmente a partir de 2018, perdurando até 2021.
A falta de incentivo a políticas públicas voltadas para a educação gera aumento da evasão escolar, aumento da desigualdade social, aumento dos índices de analfabetismo, dificuldade de acesso ao ensino superior, principalmente para estudantes da rede pública, e falta de qualificação de mão de obra.
Para a estudante do Colégio Pedro II, Giovana Lassance, as políticas públicas da escola foram essenciais para o início do seu Ensino Médio.
“Podemos almoçar todos os dias de graça na escola, eles também nos fornecem passagem de ida e volta. Na pandemia meu pai perdeu o emprego, precisei sair da minha escola, que era particular, e graças a Deus consegui passar para o Pedro II. Essas iniciativas foram muito importantes para mim e me ajudam a me manter na escola”.
Apesar da existência de políticas federais de sucesso, há desigualdades no acesso e manutenção dessas iniciativas no território brasileiro.. De acordo com o Censo Escolar de 2022, a Região Norte do Brasil apresenta os maiores índices de evasão escolar e os menores índices de matrícula. A Covid-19 acentuou ainda mais dificuldades já existentes e a região também enfrenta desigualdades regionais, estaduais e o antagonismo entre campo e cidade.
O Censo também faz outro alerta importante: crianças pretas, com dificuldades socioeconômicas, filhas de mães jovens e de baixa escolaridade são as que têm maior risco de não frequentar a escola.
É na reta final do ensino básico que se encontra um dos maiores desafios da educação. Em 2024, o Censo Escolar registrou um aumento na evasão escolar do Ensino Médio, com piores índices de repetência e abandono de estudos. Quase 70 milhões de brasileiros de 18 anos ou mais não concluíram a educação básica ou estão fora da escola.
Para quem não concluiu o ensino fundamental ou médio na idade adequada, o EJA (Educação para Jovens e Adultos) é uma opção para garantir o diploma. No entanto, o Censo aponta que, em 2023, o total de matrículas foi o menor em 11 anos. O número de matriculados vem decrescendo desde 2018.
Em entrevista ao G1, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirma que o MEC vem trabalhando para combater a evasão escolar. Segundo ele, o governo vem estimulando estados e municípios a fazerem buscas ativas de jovens e adultos que buscam ingressar nos estudos. Além disso, o programa Pé-de- Meia surge como um incentivo à permanência e conclusão de estudantes do ensino médio. A iniciativa tem como objetivo democratizar o acesso à educação e reduzir a desigualdade social entre os jovens, estimulando a mobilidade social.